Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2010

O testemunho de São João Crisóstomo

Imagem
Por Carlos Seino http://blogdoseino.blogspot.com/ U ma das biografias dos santos cristãos que considero mais fascinante é a de João Crisóstomo, que o leitor só terá a ganhar caso faça uma pesquisa sobre ela. Ele é considerado um dos maiores padres da Igreja Oriental pelos cristãos ortodoxos, e Doutor da Igreja, pelo catolicismo romano. E ouso dizer que, pela ênfase que os protestantes dão à pregação, Crisóstomo também deve ser considerado digno de admiração e inspiração, um de seus patriarcas. Crisóstomo significa “boca de ouro”. Ele era de família aristocrática; órfão de pai, foi criado pela mãe que o encaminhou a uma excelente educação. Em sua juventude, João optou pelo batismo cristão, tornando-se um excelente estudante das Sagradas Escrituras, filiando-se à chamada “escola de Antioquia” (foi lá que ele nasceu), que privilegiava mais o sentido literal e histórico das Escrituras; ao contrário da de Alexandria, onde florescia mais o sentido alegórico. Não tardou e foi ordenado lei

Co-participantes do sofrimento de Cristo

Imagem
“...pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo” (1 Pedro 4.13). Q uando Pedro escreveu estas palavras, o fez para um público que corria o risco de constantemente ser perseguido por conta de sua adesão ao evangelho. O sofrimento é uma realidade na vida de todos aqueles que unem suas vidas à Cristo, ainda que muitos passem de largo desta realidade. O apóstolo Paulo chegou a dizer que sofrer por Jesus é um dom, uma graça, um presente que é concedido ao fiel: “Porque vos foi dada a graça de padecerdes por Cristo, e não somente o de crer nele” (Filipenses 1.29). Quando alguém une a sua vida à vida de Cristo, a vida deste passa a tornar-se realidade na vida do seguidor, a ponto de Paulo dizer que não era mais ele que vivia, mas Cristo nele (Gálatas 2.20), daí, os sofrimentos de Cristo passam também a ser o seu próprio sofrimento. E quais seriam os sofrimentos de Cristo que passam a ser os nossos próprios sofrimentos? O sofrimento próprio da p

Lectio Divina

Imagem
Por Henri Nouwen T omar a Escritura e lê-la contemplativamente chama-se "lectio divina" ou leitura espiritual. A expressão "lectio divina" vem da tradição beneditina e refere-se principalmente à leitura divina ou sagrada da Bíblia. "Lectio Divina" é a antiga prática monástica de ler a Escritura meditativamente - não para dominar a palavra, não para criticar a palavra, mas para ser dominado e desafiado pela palavra. Significa ler a Bíblia "de joelhos", isto é, com reverência, atenção e profunda convicção de que Deus tem uma palavra única para você, exatamentena situação em que você se encontra. Em suma, leitura espiritual é uma leitura na qual permitimos que a palavra nos leia e nos interprete. A leitura espiritual é uma disciplina de meditação sobre a Palavra de Deus.Meditar significa "deixar a palavra descer da nossa mente para o nosso coração". A meditação significa mastigar a palavra e incorporá-la à nossa vida. É a disciplina pela q

Silêncio humilde

Imagem
Por Thomas Merton N ão é o falar que rompe nosso silêncio, mas a ansiedade de sermos ouvidos. As palavras do orgulhoso impõem silêncio aos demais, de maneira que só ele possa ser ouvido. O humilde fala somente para que lhe falem. O humilde nada pede senão uma esmola; depois, espera e escuta. Recebemos a Cristo ouvindo a palavra da fé. Trabalhanos na obra da nossa salvação em silêncio e na esperança; mais cedo ou mais tarde, porém, chega a hora em que devemos abertamente confessá-lo diante dos homens e, em seguida, diante de todos os que habitam no céu e na terra. Se nossa vida se derrama em palavras inúteis, jamais ouviremos algo, jamais nos tornaremos algo e, no fim - porque já dissemos tudo antes de termos tido algo a dizer - ficaremos sem fala no momento de nossa maior decisão. (in Na liberdade da solidão, Ed. Vozes, p.71-72) A igreja necessita urgentemente de pessoas que saibam ouvir, pois todo o falar, muitas vezes se parece mais com uma disputa do que com um "colocar em comu

Seguir a Cristo

Imagem
“Quem não toma a sua cruz e não vem após mim, não é digno de mim” (Mateus 10.38). Q uando Jesus estave entre nós, os homens que queriam segui-lo, literalmente, abandonavam tudo e o seguiam. Simples assim. E hoje. O que fazer se quisermos segui-lo? Esta pergunta é pertinente, porque há muitas vozes no mundo, muitos mestres, muitas igrejas, confundindo a cabeça de muitas pessoas. Minha pretensa resposta será somente um ensaio, uma provocação, traçada em linhas gerais, e penso que seguirá um rumo muito mais intuitivo do que teológico. Em primeiro lugar, aquele que quer seguir Jesus precisa simplesmente expressar o desejo de segui-lo . Precisa ter o desejo, enfim, de dizer como Paulo, “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Este é, em minha opinião, o primeiro passo. O sentimento profundo, um desejo insaciável de segui-lo. Em segundo lugar, aqueles que querem seguir Jesus precisam estar atentos à forma como Ele vem descrito nos Evangelhos, e nas Escrituras, principalmente no Nov

Mantendo o Natal

Imagem
Por Carlos Seino http://blogdoseino.blogspot.com/ T enho visto diversos protestantes, de tempos em tempos, ressuscitarem velhas questões de um puritanismo mais radical (quando digo puritanismo, me refiro realmente àquele movimento inglês que tentou de todas as formas abolir tudo o que lembrava catolicismo da Igreja da Inglaterra), no sentido de não se comemorar o Natal por ser uma invenção da Igreja, uma data pagã, por assim dizer. Ora, atualmente, ninguém nega que Jesus realmente não nasceu no dia 25 de dezembro, e que, na data, comemorava-se outra divindade. A Igreja, salvo melhor juizo, nunca negou isso. Fato é que, a Igreja Antiga entendeu ser sábio, em certo sentido, mater os símbolos antigos, pertencentes a outras religiões e crenças, esvaziar-lhes o conteúdo e dar um conteúdo cristão aos mesmos símbolos. Seria muito difícil traçar um dado historiográfico exato acerca dos primeiros anos da vida de Jesus, pois simplesmente tais dados não existem. Daí, de fato, ser realmente u

Da mobilidade da alma comparada a uma pena

Imagem
Por São João Cassiano N ão é sem razão que se compara o modo de ser da alma a uma pena ou a uma asa muito leve. Esta, se não for manchada ou impregnada pela corrupção de qualquer líquido vindo de fora, com a ajuda de uma levíssima aragem, dada a mobilidade de sua própria natureza, como que naturalmente, eleva-se às alturas celestes. Mas, se ao contrário, se tornar pesada pela aspersão ou infusão de qualquer líquido, não somente não será arrebatada  nos seus voos aéreos pela sua natural mobilidade, mas até será arrastada para o interior da terra pelo peso líquido absorvido. Assim também, a nossa alma, se não se tornar pesada pelos vícios vindos do exterior ou pelas preocupações do mundo, ou não for manchada pelo líquido nocivo da sensualidade, como que levantada pelo atributo natural da sua pureza, elevar-se-à, ao mais leve sopro da meditação espiritual, para as alturas e, abandonando as coisas caducas e terrenas, transportar-se-à para as celestes e invisíveis. Por isso, somos muito par

Sobre teologia e praias

Imagem
Por C. S. Lewis D e certo modo, entendo muito bem porque algumas pessoas não querem saber de Teologia. Lembro-me de uma vez, quando fazia uma palestra na Força Aérea, que um velho e experiente oficial levantou-se e disse: "Não sei para que serve todo este palavreado. Mas saiba que também sou um homem religioso. Sei que existe um Deus. Eu o senti quando estava sozinho, no deserto, à noite. Senti o grande mistério. E essa é a razão por que não acredito em todos esses seus pequenos dogmas e fórmulas sobre Deus. Para quem se encontrou com o ser verdadeiro, tais coisas se parecem tão mesquinhas, pedantes e irreais!" Ora, num certo sentido concordo inteiramente com essa pessoa. Creio que provavelmente ele tinha tido uma experiência real com Deus no deserto. E ao se voltar desta experiência para as crenças cristãs, penso que ele se voltava de algo real para algo menos real. Assim também, quem estiver na praia, olhando para o Oceano Atlântico, e depois ir em busca de um mapa do Atlân

Liderança e Caráter

Imagem
Por Kevin W. Mannoia S er um servo de Deus tem pouco que ver com atividade e muito que ver com identidade. Quem somos não se baseia no que fazemos nem na quantidade de pessoas que agradamos, mas naquele a quem servimos. A identidade do servo de Deus está enraizada no Senhor, e não no próprio ser, no desempenho, na situação ou na popularidade. A confiança que resulta disso é conciliada com a humildade espiritual, da mesma maneira que a soberania, a justiça e o santo poder do Deus a quem servimos se harmonizam com seu amor, seu carinho e sua brandura. (em "O Fator Integridade. A força do caráter no desenvolvimento da liderança". Ed. Mundo Cristão, p. 41-42)

Mantendo o Natal

Imagem
T enho visto diversos protestantes, de tempos em tempos, ressuscitarem velhas questões de um puritanismo mais radical (quando digo puritanismo, me refiro realmente àquele movimento inglês que tentou de todas as formas abolir tudo o que lembrava catolicismo da Igreja da Inglaterra), no sentido de não se comemorar o Natal por ser uma invenção da Igreja, uma data pagã, por assim dizer. Ora, atualmente, ninguém nega que Jesus realmente não nasceu no dia 25 de dezembro, e que, na data, comemorava-se outra divindade. A Igreja, salvo melhor juizo, nunca negou isso. Fato é que, a Igreja Antiga entendeu ser sábio, em certo sentido, mater os símbolos antigos, pertencentes a outras religiões e crenças, esvaziar-lhes o conteúdo e dar um conteúdo cristão aos mesmos símbolos. Seria muito difícil traçar um dado historiográfico exato acerca dos primeiros anos da vida de Jesus, pois simplesmente tais dados não existem. Daí, de fato, ser realmente uma data e uma festa simbólica. Entretanto, se acatarmos

Dostoiévski e o imenso amor de Deus

Imagem
O "stárietz" já divisara entre os presentes dois olhos ardentes de uma camponesa exausta, tísica, embora de aparência mais jovem, que o procuravam. Fitava-o em silêncio, os olhos suplicavam algo, mas ela parecia temerosa de aproximar-se. – Que desejas, minha filha? – Alivia minha alma, meu pai – ela pronunciou baixinho e sem pressa, ajoelhou-se e prosternou-se aos pés dele. – Pequei, pai querido, e temo por meu pecado. O "stárietz" sentou-se no degrau inferior, a mulher achegou-se, ajoelhada. – Estou viúva, caminhado para o terceiro ano – começou a mulher entre meios sussurros, como que tremendo. – Tive um casamento difícil, ele era velho, me dava surras de doer. Estava doente de cama; e eu pensava, olhando para ele: se ficar bom, se levantar de novo, como vai ser? E foi aí que me entrou na cabeça aquela idéia... – Espera – disse o “stárietz”, e chegou seu ouvido aos lábios dela. A mulher continuou em voz baixa, de forma que não dava para captar quase nada. E

O testemunho de São João Crisóstomo

Imagem
U ma das biografias dos santos cristãos que considero mais fascinante é a de João Crisóstomo, que o leitor só terá a ganhar caso faça uma pesquisa sobre ela. Ele é considerado um dos maiores padres da Igreja Oriental pelos cristãos ortodoxos, e Doutor da Igreja, pelo catolicismo romano. E ouso dizer que, pela ênfase que os protestantes dão à pregação, Crisóstomo também deve ser considerado digno de admiração e inspiração, um de seus patriarcas. Crisóstomo significa “boca de ouro”. Ele era de família aristocrática; órfão de pai, foi criado pela mãe que o encaminhou a uma excelente educação. Em sua juventude, João optou pelo batismo cristão, tornando-se um excelente estudante das Sagradas Escrituras, filiando-se à chamada “escola de Antioquia” (foi lá que ele nasceu), que privilegiava mais o sentido literal e histórico das Escrituras; ao contrário da de Alexandria, onde florescia mais o sentido alegórico. Não tardou e foi ordenado leitor, depois diácono (381), presbítero (386)

O padre, segundo João Crisóstomo

Imagem
É necessário que a alma do padre bilhe à maneira de uma tocha que ilumina a terra inteira; a nossa está encoberta por tal sombra provenitente de uma má consciência que se encontra incessantemente submersa nela e já não consegue levantar, com confiança, os olhos para o seu mestre. Os padres são o sal da terra; mas quem suportaria facilmente nossa tolice e nossa falta de experiência em todas as coisas, senão vocês que estão habituados a nos amar de maneira exagerada? Com efeito, é necessário não só que ele seja puro para ser julgado digno de tal serviço mas ainda que seja suficientemente precavido e possua uma grande experiência. Deve conhecer as coisas da vida como aqueles que vivem no mundo, embora deva manter-se afastado de todas elas mais do que os monges que se refugiaram nas montanhas. Por viver em companhia dos homens que têm mulher, criam filhos, dispõem de empregados, estão rodeados por grandes riquezas, administram negócios públicos e ocupam posições importantes, é necessário

O discurso de despedida de um stárietz

Imagem
M as ainda que ele falasse com clareza e a voz estivesse muito forte, a fala porém, saia muito desconexa. Falou de muita coisa; parecia querer dizer tudo, concluir, no instante da morte, tudo o que deixara por dizer em vida, sem visar unicamente ao ensinamento mas como se ansiasse por dividir sua alegria e seu êxtase com todos e com tudo, desafogar o coração mais uma vez na vida... - Amai uns aos outros, padres... Amai o povo de Deus. Não somos mais santos que os leigos pelo fato de termos vindo para cá e nos enclausurado entre estas paredes mas, ao contrário, cada um veio para cá, já pelo simples fato de ter vindo, conheceu consigo que é pior do que todos os leigos, do que tudo e todos na Terra... E quanto mais o monge viver depois entre suas paredes, mais sensivelmente deverá tomar consciência disto. Porque em caso contrário não teria nenhum motivo para estar aqui. Só quando toma consciência de que não é só pior do que todos os leigos mas é, ainda, culpado perante todos os homens por

A glória de Deus em Lázaro

Imagem
"Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava" (João 11.6). S empre achei estranho ler estas palavras de Cristo. Isto porque, fico imaginando que, se eu amasse alguém, e soubesse que estava precisando de socorro, correria imediatamente para tentar assistenciá-lo. Entretanto, Jesus não fez assim. E, se damos crédito à Palavra de Deus, sabemos que Jesus amava Lázaro (vers. 3;  36). E, na verdade, até afirmou que tal ocorrência seria para a "glória de Deus, a fim de que por ela o Filho de Deus seja glorificado" (vers. 4). Não digo que, a partir desta passagem bíblica, devamos tardar a prestar socorro quando necessário; entretanto, verifico que o sentido da vida que entendemos ser cristã não é o socorro imediato de nossas necessidades ou carências, mas sim a glória de Deus . Nesse sentido, nem sempre o que para nós seria lógico (no caso, o socorro imediato de Lázaro) seria mais apropriado para a glória de Deus. Então, é a

O governo cristão e o governo secular

P enso que a maior diferença que pode existir de princípios entre um governo de índole cristã e outro, secular, é o fato de que o primeiro serve o povo, e o segundo, serve-se do povo. Os anabatistas, radicais defensores da separação entre a Igreja e o Estado, diziam que seria impossível um governo ter tal índole, daí não se imiscuirem nos negócios públicos. Fato é que, decisões em ambito político afetam cada um de nós, e não participar equivale, na verdade, a um posicionamento, que pode ser considerado uma participação pela omissão. E fato é que, a maior parte de nós acaba sendo omissa, pois tem outras coisas a fazer; e esperamos que nossos representantes, obviamente, nos representem... A última votação relâmpago do Congresso Nacional, mais precisamente do Senado, que majorou os próprios salários,  demonstra que temos um governo que serve-se do povo, e não o povo. Penso ser realmente uma iniquidade que, de uma hora para outra, se aumente em dez mil reais o salário de um político, com o

Tropeçar no falar II

Imagem
"Assim também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas" (Tiago 3.5). H á duas coisas que os seres humanos fazem com frequência, quando falam. Ou falam mal da vida alheia, ou ficam se gabando de coisas que fizeram. Faça esta observação, este teste, e será interessante. Qualquer assunto que se fale, parece que se está sempre disputando para ver quem é melhor em determinada coisa, ou conta o caso mais interessante, ou o acontecimento mais chamativo. As vezes, se disputa até para ver quem sofreu mais, quem teve o maior trauma, a pior doença, enfim. Há, podemos assim dizer, uma certa normalidade nisso. Mas quando alguém exageradamente fica nisso, vai ficando insuportável... E perceba que as pessoas não têm muita paciência, e mal querem saber o que o outro tem a dizer. Querem tão somente um intervalo para falar o que realmente querem. Dificilmente alguém mostra verdadeiramente interesse no outro. Por isso, foi o próprio Tiago que ensinou que "todo homem seja pronto n

Tropeçar no falar

Imagem
"Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão, capaz de refrear também todo o seu corpo" (Tiago 3.2) I nfelizmente somos assim. Tropeçamos no falar, o tempo todo. Quando dois amigos cristãos se reúnem para falar, vão falar do que lhe é mais comum; e infelizmente, muitas vezes o que lhe é comum são as críticas a outros irmãos da sua própria igreja. Damos um ar de espiritualidade, preocupação, mas na verdade, o que queremos mesmo é "desabafar", expor nossa crítica, nosso ponto de vista, enfim. Nestas horas, o que deveríamos fazer mesmo é um jejum de palavras! Daí, talvez, algumas dicas possam ser úteis para evitarmos tais tropeços. Cuidado ao falar de pessoas ausentes . Talvez uma boa regra seja pensar se, o que você está falando de quem está ausente, seria a mesma coisa que diria caso ela estivesse presente. Se for algo que não diria, provavelmente estará pecando. Há um dito de Roger de Taizé que admiro muito, quando ele diz que "o evangelho não nos torna juí

Da infabilidade das Escrituras II

Imagem
D esde os meus primeiros anos em um seminário, ouvia falar muito mal de Karl Barth. Isto porque, segundo meus mestres, Barth dizia que a Bíblia “contém” a Palavra de Deus, e não que “é” Palavra de Deus. Obviamente, fiquei muito tempo sem ler Barth... Ocorre que, passado um tempo, percebi que é Barth, na verdade, que se mantém fiel ao protestantismo, e não os meus mestres... Isto porque, o mencionado teólogo, no meu entender, nada mais faz do que fazer reverberar os próprios ditos de Lutero, o grande reformador. Lutero entendia que a Palavra de Deus é o próprio Cristo, que habitou entre nós, viveu vida de cruz, morreu por nós e ressuscitou. E as Escrituras disso dão testemunho, apontam para este fato, mas não são o fato em si. E Lutero não acreditava na infabilidade total dos textos bíblicos, tanto é duvidou da inspiração da epístola de Tiago do cânon, de trechos de Hebreus e Apocalipse, além dos livros apócrifos (deuterocanônicos, para os católicos). Karl Barth, no meu sentir, tão some

Natal e encarnação

Imagem
“Eis que a Virgem conceberá e dará a luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mateus 2.23). Por Carlos Seino http://blogdoseino.blogspot.com/ N esta época do ano, começamos a nos preparar para o Natal. Igrejas de características mais litúrgicas estão a cada domingo, acendendo as velas do advento. Eu, particularmente, admiro profundamente a liturgia praticada em séculos pelos cristãos, mas que, infelizmente, se perdeu nos círculos evangélicos, dos quais faço parte. Esta, penso, é uma daquelas coisas que tiramos do culto sem colocar nada à altura no lugar... Lamento ainda mais por aqueles que simplesmente aboliram o natal de seu calendário, pelo simples fato de ser uma data fictícia elaborada em um período imperial. Pena... Entretanto, não é sobre liturgias que quero discorrer nesta oportunidade, mas sim sobre algo que entendo ser o verdadeiro sentido do natal. Nada de novo, mas somente reforçar aquilo que como cristãos já sabemos. O d

A Encarnação - o verdadeiro sentido do natal

Imagem
“Eis que a Virgem conceberá e dará a luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mateus 2.23). N esta época do ano, começamos a nos preparar para o Natal. Igrejas de características mais litúrgicas estão a cada domingo, acendendo as velas do advento. Eu, particularmente, admiro profundamente a liturgia praticada em séculos pelos cristãos, mas que, infelizmente, se perdeu nos círculos evangélicos, dos quais faço parte. Esta, penso, é uma daquelas coisas que tiramos do culto sem colocar nada à altura no lugar... Lamento ainda mais por aqueles que simplesmente aboliram o natal de seu calendário, pelo simples fato de ser uma data fictícia elaborada em um período imperial. Pena... Entretanto, não é sobre liturgias que quero discorrer nesta oportunidade, mas sim sobre algo que entendo ser o verdadeiro sentido do natal. Nada de novo, mas somente reforçar aquilo que como cristãos já sabemos. O de mais sublime, maravilhoso, indescritível, fantástico ne