Nossa pobreza simbólica

Por Carlos Seino

Acabo de ler a última postagem, neste blog, do Bispo Ildo, da Igreja Metodista Livre, intitulada "Domingos de Ramos", e me dei conta de quão realmente estamos, nós, evangélicos, empobrecendo, ou deixando de levar em consideração, importantes datas comemorativas do cristianismo.

Isto porque, praticamente abandonamos a idéia de ano liturgico, calendário cristão, etc. E, tenho a impressão que, se ainda comemoramos datas como Páscoa e Natal, é porque fazem parte do calendário civil, tendo em vista o nosso passado católico.

Lembro-me no ano passado, quando estávamos chegando perto desta mesma data, assitia alguns programas evangélicos e católicos na televisão, e via grandes diferenças.

Muitas das igrejas evangélicas estavam fazendo campanha disto, campanha daquilo, etc, mas nada falavam sobre a Páscoa. Enquanto que os católicos faziam teatros e missas ao ar livre, falando da paixão e da ressurreição do Cristo.

Será que criamos uma religião assim, tão antropocêntrica, que só quer saber de cuidar das necessidades das pessoas sem atentar para a glória de Cristo?

Tenho a impressão de que, caso os poucos feriados religiosos deixarem de existir em nosso calendário civil, logo, muitas das novas igrejas deixariam de comemorar até a Páscoa e o Natal.

E certo que algumas igrejas adotam ou compõem algum tipo de calendário, seja copiando do judaísmo, ou mesmo utilizando de sua própria criatividade.

Mas já pensou se cada denominação tiver o seu próprio calendário? Onde estará a universalidade da igreja, não é mesmo?

Não estou propondo um retorno radical ao calendário utilizado pela Igreja Romana, Luterana, Anglicana, Ortodoxa, etc... Mas talvez seja boa uma maior atenção litúrgica a determinadas datas comemorativas ou importantes do calendário litúrgico, escolhendo formas e cânticos adequados para cada data especial. A elaboração de sermões adequados também seriam muito bem vindos, juntamente com peças temáticas, etc.

De qualquer modo, dou a outra contrapartida para não parecer parcial demais. Será que a sociedade já não enjoou também da velha e circular repetição de datas comemorativas? Será que tudo o quanto faz parte do tal calendário litúrgico faz algum sentido para os dias de hoje? Será que tais igrejas novas conseguem fazer uma leitura maior da necessidade de seu público alvo, ao ponto de tal calendário ter pouca importância prática?

É algo que, nós, evangélicos, precisamos pensar. De qualquer modo, acho muito difícil a maior parte de nós se importar muito em meditar neste tipo de assunto, pois há muito não nos importamos com determinados aspectos litúrgicos de nossa fé.

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