Entre a páscoa e o pentecoste


Por Sergio Presta

Estamos nos distanciando da páscoa e cada vez mais nos aproximando do Pentecoste; e, apesar de ter ainda muita coisa para falar e, principalmente, meditar sobre a ressurreição de Jesus e o que ela representou, representa e, certamente vai representar para a humanidade, quero tentar condensar (veja o tamanho da minha pretensão!) os desdobramentos deste estupendo ato de amor de Deus por cada um de nós. Para isso, convido você para que juntos possamos retornar ao Evangelho de João e constatar no versículo 9 a seguinte conclusão: “até então não haviam compreendido a Escritura” (Jo 20,9). Essa afirmação demonstra que devemos percorrer um longo caminho ao lado de Cristo, observando os Seus preceitos antes de compreender o real significado e o alcance histórico da Sua ressurreição;



Até porque, enquanto os discípulos e demais seguidores ainda choravam de tristeza, pela ausência física de Jesus, Ele já estava faceiro cumprindo a Sua promessa de estar sempre bem presente na nossa vida, através da eucaristia instituída dias antes; porém, a proximidade da catástrofe não os fez ver além das circunstâncias.



E, observando tudo isso, podemos concluir que o Capitulo 20 do Evangelho de João transcreve precisamente grande parte das dificuldades que obscurecem o entendimento humano e nos incapacita de compreender as verdades da fé. João nos mostra que devemos procurar Cristo na presença de Deus e não no túmulo. Isso é bem sintomático e nos faz ver que agimos da mesma forma: ao estarmos inseridos nos problemas, angustias e decepções, não conseguimos alcançar a certeza de que “no mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.(Jo 16,33); e, chegar lá porque, todos nós “somos mais do que vencedores, por Aquele que nos amou”. (Rm 8,37).



Essas duas afirmações demonstram o que devemos fazer: Seguir os passos de João e Maria Madalena que compreenderam perfeitamente a ressurreição e, no profundo do seu coração, experimentam uma alegria transbordante quando descobrem que o lugar para buscar o seu Senhor é outro. Até porque, na ressurreição Jesus nos convida a percorrer um caminho de fé que nos faça compreender o significado do Seu amor por cada um de nós, além da necessidade de experimentarmos esse amor diariamente nas nossas vidas. Ele nos mostra que é preciso descobrir nos sinais de morte o germe da vida.



Ou seja a nossa fé não está baseada num túmulo vazio! Até porque, não é o túmulo vazio que fundamenta a nossa fé na Ressurreição, mas o contrário - é a experiência pessoal com o Jesus Ressuscitado que explica porque o túmulo está vazio! É por isso que devemos ter em mente que a ressurreição de Jesus não se parece em nada com a experiência vivida por Lázaro. A ressurreição de Jesus não consistiu numa volta a esta vida, nem na reanimação de um cadáver. A ressurreição de Jesus não é uma volta atrás, mas sim um verdadeiro passo à frente, um passo para a outra vida, a vida sob os preceitos de Deus. Crer na ressurreição de Jesus é, sobretudo, crer que na Sua palavra, no Seu projeto e que a Sua Causa e Ministério expressam o valor fundamental de nossa vida;



Porém, o importante não é só crer em Jesus, mas crer como Jesus; não se trata de somente ter fé em Jesus, mas em procurar ter a fé de Jesus: sua mesma atitude frente à história, sua Causa, sua opção pelos pobres, sua proposta, sua luta decidida. Crer lucidamente em Jesus implica em voltar a descobrir o Jesus histórico e o sentido da fé na ressurreição. E, tudo isso aconteceu, porque “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Is 53,4-6), para que a partir daquele dia todos cressem e tivessem vida eternamente.

Sérgio Presta é Diácono da IEAB, servindo atualmente na Paróquia de São João

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