Mensagem aos Pastores - Mt 13

Baseada nas Parábolas do Reino de Mateus 13

Primeiramente, gostaria de falar do alto privilégio que temos de servir como semeadores do Evangelho do Reino. Deus poderia ter escolhido qualquer outra carreira para o seu Único Filho, mas quis que ele fosse um missionário pregador do Evangelho e Pastor de Ovelhas neste Mundo que é o Campo do Senhor (Jo 3.16; 10 e15). Não há carreira mais elevada! Ainda que o mundo a menospreze, saiba sempre que, aos olhos de Deus, não há função mais importante e prestigiada!

A vocação pastoral é algo sublime! Honremos este chamado para seguir os passos e o ministério de Cristo com a gana que é lhe é devido. Façamos isto com devotado amor e entusiasmada alegria!

Fomos chamados para semear e para cuidar para que a lavoura produza muitos frutos. Jesus nos designou para dar frutos e quer que estes frutos sejam permanentes (Jo 15.16). As Parábolas do Reino mostram que a boa semente do Reino germina, cresce e produz muitos frutos. Mas existem os inimigos da lavoura simbolizados pelos pássaros, joio, terra seca e outras condições inóspitas. Mas, mesmo diante das adversidades, a vocação da semente é a de frutificar. A lavoura triunfará! "Aquele que semeia com lágrimas, colherá com alegria" (Sl 126.5). As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja! Pois o Pai é o Agricultor (Jo 15.1)! Nós fomos chamados por ele para trabalhar em sua lavoura santa!

O inimigo trabalha tanto externa como internamente. Ele age como o pássaro que rouba a semente, e também semeia o joio em meio ao trigo para provocar confusão, para sugar as energias do trigo e prejudicar seu desenvolvimento. Ele atua também promovendo outros interesses para gerar distração e sufocar a semente da Palavra: "os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas" (Mt 13.22). Ele é astuto e não tem um único modo de agir. Certamente o adversário investe contra a liderança por questões estratégicas. Precisamos, portanto, questionarmos a nós mesmos em caso de um período longo de improdutividade. Não podemos encarar isto como algo normal. Não podemos tão simplesmente nos cercarmos de desculpas. Precisamos olhar para dentro de nós mesmos para ver se não há alguma erva daninha ali em nossa mente e coração plantadas pelo inimigo da lavoura de Deus. Às vezes, nós mesmos é que somos o maior obstáculo para o crescimento da igreja. A falta de fé, confiança, entusiasmo, consagração e devoção a Cristo e à sua causa podem ser fatais, principalmente devido a influente posição que ocupamos.

Por falar em entusiasmo, observamos que Jesus cumpria o seu ministério com muito gosto e paixão, tanto que sua comida e bebida eram fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Ele possuía um grande apetite pela obra da evangelização e discipulado! Como diz o antigo hino: "No serviço do meu Rei eu sou feliz"! Quando estamos entusiasmados com algo, chegamos até a nos esquecer da comida e nem fazemos caso do cansaço! Veja Jesus atravessando o mar, enfrentando a tempestade, mesmo no final de um dia estafante de trabalho quando a maioria só pensa em cair na cama! E tudo para alcançar um único ser humano, o endemoniado e marginalizado Gadareno, visto que Jesus tinha consciência de que o restante do povo daquela região o rejeitaria (Mc 4 e 5). Precisamos crer mais em Deus e no poder do Evangelho, valorizando, assim, a nossa vocação para dedicarmo-nos mais e mais, com entusiasmo, visão e confiança, à grande missão de evangelizarmos o Mundo.

Não devemos ter medo de fracassar. Bem sabemos que haverá muita frustração, pois 3/4 das sementes não chegam a produzir os devidos frutos conforme ensino da Parábola do Semeador (Mt 13). Mas vale a pena plantar por conta da porção que vingará e dará uma boa colheita (Mt 13.8)! A gente deve ser mais arrojado para semear com fé por toda parte, "sem medo de ser feliz"! Devemos acreditar que haverá conversões em todos os cultos, batismos a cada mês, lideranças sendo formadas periodicamente, igrejas sendo plantadas todos os anos e missionários sendo enviados sempre! Pois, não fomos chamados para um trabalho de mera manutenção. Nosso Técnico não quer que o time jogue na retranca! Lembrar do que aconteceu com aquele servo que preocupou-se apenas com a manutenção do talento de seu Senhor, não ousando investi-lo por medo de eventuais prejuízos (Mt 25.24). Existem riscos, sim; sempre existiram e existirão. Mas onde está a nossa fé?! E cadê a nossa confiança naquele que nos convocou?! Sabe, parece mesmo que quanto mais tememos e nos retraímos, assumindo uma postura defensiva, mais estamos sujeitos ao ataque dos adversários, e acabamos por perder até o pouco que temos. "Porque àquele que tem se dará, e terá em abundância; mas aquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado" (Mt 13.12). Precisamos multiplicar os nossos talentos! Ao ataque! Não vamos deixar de plantar porque os pássaros roubam a semente ou porque, quando a árvore cresce, eles se aproximam buscando sua sombra. Não vamos deixar de plantar o trigo por conta do inimigo que planta o joio. E nem vamos deixar de pescar porque a rede vem cheia de peixes de toda espécie, não somente bons, mas também maus. Um zelo extremado para combater o joio pode levar a destruição do trigo e pode comprometer ainda mais o desenvolvimento da lavoura. Haverá muita decepção e frustração em nossa carreira, mas não vamos desanimar de forma alguma. Vale muito a pena correr o risco de seguir adiante semeando com confiança no Senhor da lavoura.

A igreja precisa aprender também que sua vocação é crescer e se multiplicar (At 9.31). Crescimento é algo que está em seu DNA! Todas as parábolas do Reino falam de seu crescimento: A semente produz o seu fruto, o trigo cresce, o grão de mostarda transforma-se na maior das hortaliças, o fermento faz a massa levedar, a rede vem cheia de peixes e o baú está cheio de coisas! A igreja não existe para si mesma. Sua essência é missionária (Mt 28.19-20; Jo 15.5; At 1.8)! Ela não pode os seus próprios interesses (Fl 2.21). Não deve jamais desviar-se de seu propósito elementar, que é o de fazer discípulos de todas as nações. Seus recursos não devem estar concentrados em sua própria manutenção. Ela não tem o direito de ser egocêntrica, visto que nasceu do coração daquele que deu sua própria vida em favor dos outros (Mt 20.28). Uma igreja com visão missionária agrada a Deus e conta com as provisões divinas. Como disse Hudson Taylor: "A obra de Deus, feita do modo de Deus, conta com o suporte de Deus!". Precisamos de uma visão do Reino. Necessitamos investir recursos pessoais e financeiros na abertura de novas igrejas tanto na nossa Jerusalém, como também em regiões mais distantes, chegando ao ponto de atingirmos os confins da Terra. O que requer muito sacrifício! Precisamos nos perguntar: "Quanto estamos investindo na plantação de novas igrejas? Nossa igreja está envolvida na plantação de quantas novas congregações? E quantos missionários estamos apoiando? Onde está o nosso coração e o coração de nosso povo?

Outro ponto importante em que o pastor pode falhar é no processo de discipulado e formação de novos líderes. Alguns podem sentir uma certa insegurança diante de líderes jovens quem demonstrem grande potencial. Tal sentimento pode levar o pastor a restringir as oportunidades, criando dificuldades extras para o progresso espiritual e o desenvolvimento dos dons e talentos do discípulo. Podemos interpretar mal o afã de um jovem em servir, pensando tratar-se de um arrogante pretensioso com desejo de poder, quando, ao contrário, pode muito bem ser o caso de alguém que tem um puro e sincero desejo de servir e ser usado por Deus para fazer diferença na vida das pessoas e de impactar Mundo. Não é nada fácil chegar ao ponto de dizer como João Batista: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30)! Os pastores foram chamados para promover o crescimento dos outros! Isto é algo extremamente necessário para o progresso e futuro da Igreja. Não devemos nos sentir ameaçados diante de pessoas que, em certa medida, parecem mesmo ser potencialmente mais talentosas e inteligentes que nós. Imagine se Barnabé agisse assim com Paulo, que prejuízo não seria para toda a Igreja! Mas, graças a Deus, Barnabé foi um pastor espetacular, capaz de identificar um escolhido de Deus e investir seu tempo para dedicar-se a formação e treinamento daquele que viria a ser o maior de todos os Apóstolos! Missão cumprida com Paulo, Barnabé passa a fazer o mesmo com João Marcos! Que pastor! Que homem de visão! Louvado seja Deus pelos Barnabés! Vemos que Paulo aprendeu com ele e seguiu este mesmo modelo de ministério, fazendo discípulos que se tornaram líderes, pastores e bispos por todas as cidades onde plantou a semente do Evangelho. Façamos o mesmo, pois este é o plano de Deus! Os pais querem que seus filhos cresçam e se tornem maiores e melhores do que eles! Amamos a Deus e a Igreja que Ele com amor instituiu. Queremos que a Igreja continue forte depois de nossa partida. E nem sabemos quando isto será! Para o bem do futuro da igreja precisamos nos dedicar à formação de pastores e líderes fortes sem medo de perdermos nosso lugar. Barnabé jamais perdeu o seu lugar! O nosso lugar é fazer discípulos; os melhores que pudermos! Façamos isto revestidos de fé, confiança, amor, entusiasmo e ousadia!

No amor do Senhor,
Bispo José Ildo Swartele de Mello
Igreja Metodista Livre do Brasil: www.metodistalivre.org.br
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Obs: Mensagem do Bispo Ildo aos pastores metodistas livres, pregada no dia 7 de Fevereiro de 2009

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