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Mostrando postagens de agosto, 2008

Revelação e cultura

Por Carlos Seino A auto-revelação de Deus em Cristo Jesus pode ser julgada pela cultura? Há pouco tempo atrás, perguntei a um professor meu o que ele achava sobre os diferentes comportamentos sexuais de diversas culturas diferentes, inclusive a homoafetividade. Ele disse que não via problema nenhum, que a questão era meramente cultural, e que não deveríamos julgar este tipo de atitude. Na verdade, este brilhante professor (e digo brilhante, porque é mesmo) sempre ressalta a questão cultural na explicação de boa parte da teologia dogmática e moral cristã, ensinando que, quase tudo o quanto faz parte das Escrituras e da Igreja, é, notavelmente, uma questão cultural. Ressalto firmemente que é um professor altamente respeitado e amado pelos seus alunos, inclusive por mim. Mas meditando nestas coisas, e, após ler Alister McGrath, fiquei me perguntado se realmente pode reduzir assim a “Sola Scritpura”, pela “Sola Cultura”, e cheguei também a conclusão de que há alguma incoerência nesta abord

"Lembra-te de mim quando entrares em teu reino"

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“Jesus, lembra-te de mim, quando entrares em teu reino” (Lc 23,42). Imaginem nosso Senhor, naquele terrível momento. Já havia sido espancado notavelmente pelos soldados romanos. Já havia levado trinta e nove chicotadas. Recebera uma coroa de espinhos. Estava, naquele instante, completamente ensanguentado, talvez desfigurado, inchado, com inúmeros hematomas. Era a imagem de alguém derrotado, condenado, amaldiçoado, executado por um império que já crucificara, talvez, milhares e ainda iria crucificar ainda muito mais pessoas. Quem é que, em seu juízo normal, iria considerar que alguém nesta situação teria um reino? Quem é que nesta situação ainda iria acreditar que tal pessoa realmente era o rei da humanidade, o Senhor dos Senhores?  Mas foi o que justamente aquele ladrão fez. Reconheceu imediatamente o senhorio de quem estava de seu lado. “Lembra-te de mim, quando entrares em teu reino”. Enquanto os soldados escarneciam, a liderança religiosa de Israel se vangloriava, algum

Extremistas açoitam evangelista que pregava para mendigos

Extremistas hindus surraram um evangelista sob a alegação de que ele forçava conversões, na vila de Baswapur, distrito de Nizambad, Estado de Andhra Pradesh. O Conselho Mundial de Cristãos da Índia (GCIC) relatou que o evangelista Shyam Kumar entregou partes do Evangelho para alguns mendigos que fazem ponto perto do templo hindu e começou a falar sobre Cristo com eles. Quatro homens que observavam à distância avançaram contra Shyam, acusando-o falsamente de forçar a conversão dos mendigos. Eles chutaram e socaram o evangelista até que ele caísse, além de pegarem o material que ele distribuía. “Mais tarde, os ferimentos internos e os hematomas nos braços e pernas de Shyam foram tratados em uma casa de saúde particular”, contou Sajan George, do GCIC, à agência de notícias Compass. “Ele não apresentou queixa já que perdoou os agressores”, explicou. Leia toda a matéria em Missão Portas Abertas

Cuidado com o que se ouve por aí...

Por Carlos Bregantim* ELEJA AS VOZES QUE VOCÊ OUVE e/ou OUVIRÁ, especialmente as vozes que se propõem a cuidar da sua alma, do seu espírito ou que ousam falar em nome de Deus e sobre a eternidade. É impressionante como hoje, qualquer um se sente no direito e preparado para instruir sobre os mistérios que nem o próprio Deus os revelou em sua totalidade. Cuidado, ouça, mas, avalie, pense, critique. Observe a vida dos que se arrogam este direito de palpitar sobre a sua alma, seu espírito e a eternidade, a sua eternidade. Observe se há sensatez, coerência, equilíbrio, entre a vida de quem diz e a palavra dita. Digo isto porque hoje há um contingente enorme de pessoas se auto-proclamando aptos para palpitar sobre a sua vida, sua alma, seu espírito. Posso estar enganado e cético demais, mas, será que estes assuntos são tão simples assim? Qualquer um agora esbarra em você uma única vez, nem sabe seu nome, e por conseqüência nada sabe de sua vida, e sai dizendo o que você deve fazer ou deixar

Perspectiva bíblica diante da questão do divórcio entre os evangélicos

O texto que será postado a seguir é de autoria de Júlio Severo . Estou postando este texto, pois tenho visto em meu dia a dia um aumento significativo do número de divórcios entre os cristãos. Eu mesmo, há algum tempo atrás, meditei sobre esta questão no texto A difícil questão do divórcio , demonstrando os diversos posicionamentos acerca do assunto, relatando, de modo geral, a posição protestante, ortodoxa e católico romana acerca do tema. Fato é que, no protestantismo, grupo ao qual pertenço, não há magistério infalível, mas uma variedade de opiniões sobre tal questão, sendo que, posso dizer que, de modo geral, aceita-se um novo casamento do cônjuge inocente no caso de infidelidade do outro. Júlio Severo é um evangélico que possui a opinião de que a união conjugal é perpétua, não podendo haver novo casamento dos que se entendem cristãos. Sei que é uma posição minoritária no meio cristão evangélico, um duro discurso, mas nem por isso, não pode deixar de ser levada a sério. Segue abai

Diário de um cristão: Quem quer dinheiro????

Por Carlos Seino. Penso que nada mais a ver com a vida cristã do que escrevermos um pouco sobre nossas experiências no dia a dia, afinal, não é somente pelo exame de livros e artigos que entendemos o que se passa na cabeça do povo de Deus. Então, estarei, não diariamente, escrevendo um pouco das coisas que vi por aí, compartilhando com os leitores deste blog. Estive recentemente em uma igreja de um amigo, quando o pastor, alegremente do púlpito, perguntou se alguém queria ganhar três vezes mais do que ganhava naquele momento (não sei o porque do número três...). Obviamente, todo mundo levantou as mãos, apesar de eu ter ficado “na minha” (se alguém prestou atenção, deve ter pensado que, ou eu já era um milionário, ou algum doido que estava contente com o baixo salário...). Imediatamente, fiquei imaginando a cena: Jesus, falando à multidão e dizendo: “quem quer ganhar três vezes mais, me siga”!!! Nossa; acho que, se esta tivesse sido a mensagem de Cristo, ele não teria sequer sido crucif

Antes da consciência, a alma (I)

Sidney Silveira A supervalorização do papel da consciência, corriqueira entre liberais de todas as vertentes, nasce da absoluta falta de uma teoria conseqüente sobre o que seja o homem, a começar por seu princípio intrínseco de movimento: a anima, com todas as suas potências. Em suma, sem uma antropologia filosófica consistente , cai-se em reducionismos nefastos em psicologia (e, no caso dos liberais, basta lermos o que, ao longo dos tempos, escreveram sobre a natureza humana, sobre a liberdade, etc., para constatarmos que, na melhor das hipóteses, eles fizeram das potências inferiores da psique o parâmetro das superiores). Cai-se também em uma péssima teoria política, uma teoria econômica em que os meios e os fins se invertem, literalmente, e uma teoria do direito de cunho contratualista, que engessa a lei nas fórmulas jurídicas, dada a perda do vínculo entre lege e natura — realidades estas que veremos em textos futuros. Uma tragédia em toda a linha! Portanto, depois de adquirida uma

Pensamento

Não sou o que devo ser, não sou o que quero ser, não sou o que um dia espero ser; mas graças a Deus não sou o que fui antes, e é pela graça de Deus que sou o que sou." John Newton

A liberdade humana e os atos livres dos homens

Sidney Silveira Um princípio metafísico válido sem nenhuma exceção para todas as realidades — sejam materiais ou imateriais — nos servirá para lançar luzes sobre o que seja a liberdade humana. É o seguinte: nenhum ente pode ser causado pelo seu próprio operar. Apliquemos o axioma: um estômago, por exemplo, não pode ser causado pela digestão; um olho não pode ser causado pelo ato de ver; uma perna não pode ser causada pelo próprio caminhar. Tudo isso seria um grandíssimo absurdo. Deixaremos de lado, por ora, as sofismáticas, aporéticas e não raro sedutoras tentativas de desqualificar o princípio de causalidade, como por exemplo a do pobre David Hume (o que faremos em outro “post”). No momento, apliquemos essa norma à liberdade humana, para chegarmos à necessária conclusão de que a liberdade não pode ser causada pelos atos livres dos homens, da mesma forma que a percepção táctil não é a causa da mão que tateia. Em suma, não somos livres porque escolhemos, mas escolhemos porque somos livr

Eleições

CANDIDATOS COMEÇAM A DISPUTAR OS VOTOS DE RELIGIOSOS Leia mais em: Folha . Minha real preocupação são com igrejas que utilizam o momento do culto para divulgar candidatos de sua preferência. Esta prática, forçoso lembrar, está proibida pela Justiça Eleitoral. O templo que quiser ceder espaço para debates politicos, a meu ver, deverá fazê-lo em outros horários que não os de culto, e abrir espaço para todos os partidos. Neste sentido, sim, as comunidades e igrejas prestariam um bom serviço para a cidadania. De outra forma, se estariam criando verdadeiros "currais eleitorais", prática esta odiosa em nossa já sofrida história política. Em uma sociedade pluralista como a nossa, tenho por mim que a igreja deva ser supra-partidária, abrigar em seu seio pessoas de diversas tendências. Obviamente que sempre haverá maior identificação com determinados grupos e partidos, de acordo com a visão de cada denominação; mas isso não significa que pessoas com visão diferente devam ser silencia

Metafísica do pecado e teoria liberal

Sidney Silveira Em todo ente composto de potência e ato, de matéria e forma, há uma distância entre o seu agir e a atualidade que busca, como por exemplo (no caso do homem) entre o querer uma coisa e o possuí-la, entre o estudar uma matéria difícil e o entendê-la. Os entes, sem nenhuma exceção, se movem para os fins, e todo movimento é o trânsito de uma potência a um ato. Com Deus não ocorre isto: Ele possui o fim possuindo-Se, porque é Ato Puro, sem mescla de potência. Em termos metafísicos, a Sua impecabilidade explica-se pela instantaneidade do seu agir que coincide com a Sua eterna atualidade, daí que Ele não pode desviar-se do fim que, afinal, Ele é (e lembramos que o pecado é sempre um desvio do fim). Quanto a nós, é possível que pequemos porque não possuímos o nosso fim imediatamente, mas o buscamos, no tempo, a partir dos atos próprios da nossa forma entis (atos da inteligência e da vontade), que são complexos porque dependem, por sua vez, da operação ótima de várias potências

Aconteceu

EGITO PROIBE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS ENTRE CRISTÃOS E MUÇULMANOS Leia mais em: Estadão . ATIVISTAS CRISTÃOS SÃO PRESOS NA CHINA COM BANDEIRA "JESUS É REI" Leia mais em Missão Portas Abertas 300 BÍBLIAS DE TURISTAS AMERICANOS FORAM CONFISCADAS PELO GOVERNO CHINÊS Leia mais em: Folha on line PASTOR PROTESTANTE É PRESO E CONDENADO A COSTURAR BOLAS PARA AS OLIMPÍADAS, E SEM DIREITO A LER A BÍBLIA NA PRISÃO Leia mais em: Folha online

O teólogo cristão

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Por Carlos Seino* Quem é o teólogo? Teólogo é aquele que discursa sobre Deus, conforme nos sugere a etimologia da palavra. Logos é discurso, é palavra, Theos é Deus. Por isso, teólogo, no mínimo, é alguém que crê desfrutar de alguma comunhão com Deus, que julga conhecer um pouco o “objeto” de seu discurso, e não somente aquele que conhece o discurso de outros sobre Deus. Neste sentido, qualquer cristão que tenha comunhão com Deus já é potencialmente um teólogo? Potencialmente, penso que sim; mas não necessariamente. Isto porque, não é impossível que alguém possua conhecimento de Deus, mas não tenha necessariamente um discurso articulado sobre Ele. No caso da teologia cristã, alguém que discurse sobre Deus, sobre Cristo, e o Espírito Santo; sobre a auto-revelação de Deus nas Sagradas Escrituras. Não é difícil alguém ter uma teologia ortodoxa, mas nenhuma comunhão com Deus. Alguns entendem aqui que está configurada a objetividade da teologia; qual seja, que esta não depende do estado

Trinitarismo X triteísmo.

Por Domingos Pardal Braz* Antes de iniciar mais esta conversa teológica gostaria de notificar o amigo leitor de que estou convalescendo dum terrivel resfriado e que por isso não foi possivel postar nada durante o mês anterior. Estou consciente de não ter completado a exposição exegética do Salmo 22, mas, ela será postada a contento. Hoje pretendo abordar algumas questões bastante polêmicas no terreno da teologia infra trinitária e da soteriologia ocidental, seja romanista ou protestante. É sabido que até o século IV a obra de Cristo foi compreendida como um resgate planejado por Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) tendo em vista resgatar a humanidade do jugo do poder das trevas representado por demônios, eões e espíritos de toda casta, no caso, rivais da divindade... O fundamento dessa teoria é o contratualismo paulino, expresso nestes termos "Rasgou o documento de nossa perdição expondo ao escárnio as potestades todas dos ares.". Segundo os expositores e comentaristas ante ni

Da absoluta necessidade da cruz

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Por Carlos Seino* Desde o início, Satanás tentou tirar Jesus do caminho da cruz. E o fez de modo mais terrível, talvez, através dos membros da própria comunidade de discípulos. Ora, se eu gosto de alguém, não quero que este alguém sofra. Não quero que este alguém morra. Se meu irmão, minha mãe, meu amigo, meu filho me disserem um dia que terão que morrer de forma violenta, é lógico que ficarei escandalizado e tentarei de todas as formas dissuadi-los de tal intento. Eis ai a artimanha terrível de Satanás. Ele utiliza argumentos invencíveis e insofismáveis para tentar remover Jesus do caminho da cruz. Utilizou dos argumentos de um discípulo, de um amigo, alicerçado no legítimo interesse de que seu mestre não sofresse males. Talvez por isso Jesus tenha tido uma reação tão agressiva, tão dura em relação a Pedro. “Arreda de mim, Satanás, pois cogitas das coisas de homens” . Este é o problema sempre. Cogitamos das coisas dos homens. Pensamos como o homem pensa, e pensamos de forma legítima.

As Últimas Palavras do Cristo na Cruz

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São Roberto Belarmino Capítulo I Explicação literal da quarta Palavra: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste” Explicamos na parte anterior as três primeiras palavras pronunciadas por Nosso Senhor no pulpito da Cruz, acerca da hora sexta, pouco depois da crucificação. Nesta parte explicaremos as quatro faltantes palavras que, dados a escuridão e o silêncio de três horas, proclamou o mesmo Senhor daquele púlpito com voz forte. Mas antes convém explicar à brevidade o que é, e donde vem, e para que adveio a escuridão que se abateu entre as três primeiras e as quatro últimas palavras, pois assim disse São Mateus: “Desde a hora sexta até a nona, cobriu-se toda a terra de trevas. Próximo da hora nona, Jesus exclamou em voz forte: Eli, Eli, lammá sabactáni? - o que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (27, 45,46). E saiu a escuridão dum eclipse do sol, tal como nos narra São Lucas: “E houve o eclipse do sol” (23, 44), disse. Eis que se nos apresentam três dificuldades